sexta-feira, 15 de agosto de 2014





Ok.
Nasces, e toda a gente te ama. Todos te querem conhecer. És literalmente a novidade do momento. No meio de tanta confusão, tu que ainda nem tens noção das coisas, borraste e eles mesmo assim fazem o maior festival. Começas a falar, caminhar, brincar... Enfim, cresces.
A cada nova fase da tua vida tens os teus pais como apoio. Eles que nunca te faltaram com nada e fazem os possíveis e impossíveis para que isso nunca aconteça.
Entras na escola, e nem guardas assim tantas memórias dessa altura. Eras muito novo para te lembrares. A fase seguinte é o drama dos TPC, esses que te atormentaram a vida. Fazes tudo facilmente, até que no nono ano aparecem os exames. A partir daí já começas a ter a mínima noção das escolhas que fazes para o teu futuro, ou devias. Supostamente contas com ajuda de uma psicóloga, que te irá indicar o curso mais certo para ti. A seguir entras no secundário, sentes-te o maior do mundo e na maioria das vezes baldas-te. Baldas-te porque estás farto da escola, de ter sempre a mesma rotina, os mesmos professores, os mesmos colegas de turma, etc. Sabias lá tu que, afinal, esses não eram os maiores dramas da vida.
Neste entretanto, estás mesmo quase a fazer dezoito anos. 18. Aquele número bem redondo com que sonhas-te toda a tua vida. "Já podes fazer tudo o que queres", pensávamos nós. É o ideal que a sociedade nos impôs. Toda a vida nos avisaram que não era bom crescer, que daqui a uns anos nos iríamos arrepender de ter querido tanto a independência. Mas como é lógico, não demos ouvidos. Mas estás a gozar? É lógico que quero tudo a que tenho direito! Deviam ter sido mais diretos e ter-nos avisado com as palavras certas:

É que até agora tinhas a escola como fonte segura. A tua única responsabilidade era não falhar, porque é nessa instituição que ganhas as bases da vida, dizem. Só que assim que fazes o décimo segundo ano, passas a ter duas opções: entras na universidade, ou entras no mundo do trabalho. No fim da universidade, resta-te só uma. Foi aí que eles falharam. Não nos disseram que a nossa vida estava pré-destinada.
Agora que já tens a liberdade com que sonhaste a vida toda, enfim, que és maior de idade, sabes que tens de começar a deixar de contar com a ajuda dos pais. Tens de começar a ser tu a gerar o teu próprio dinheiro, ou seja, tens de ter um emprego. Eu compreendo que não podemos contar com eles a vida toda e muita ajuda eles nos deram. Não os critico. Mas porque raio é que sou obrigada a ter de ter um trabalho para viver? Para viver para o trabalho? Que sentido faz teres a liberdade de um maior de idade se nem sequer a podes aproveitar?
No fim disto tudo, vês-te na merda. Por muito que sejas feliz com o teu trabalho, que adores o ordenado chorudo (ou devia, porque te pagam mal em Portugal) que recebes, que até acordes com um sorriso porque fazes o que gostas, que até tenhas um bom horário e consigas grandes férias... vais acabar por viver uma rotina, dia após dia. Tornas-te rotina.
Com o tempo deixas-te de tudo, porque por todos os motivos, tens de trabalhar. Começas a conformar-te que "ya, é mesmo assim a vida".
Quando dás por ti, és velho. Com sorte, se tiveres cuidado bem de ti (entre outros motivos) estás velho mas com saúde, em vez de caquético. Já estás a gozar de uma boa reforma (só que não) e o que tens, dás. Dás a filhos, netos e a quem precisa. De qualquer das formas, também já não tens muito por onde gastar dinheiro. Dinheiro que te custou uma vida inteira para ganhares e dizes isso com todo o orgulho. Eu respondo-te verdadeiramente na minha, és o maior da tua aldeia. 
Foste o maior burro a vida toda. Deixaste que a sociedade te controlasse. Permitis-te que o governo te roubasse dinheiro, por motivos que só a eles fazem sentido. Deixaste que te avaliassem, sim, porque toda a tua vida isso aconteceu. Até mesmo enquanto estudavas foste estúpido porque não aproveitaste.
A culpa disto tudo, definitivamente que não é só tua, pois quando nasceste já estava tudo decidido. Mas tens culpa no cartório. Sabes porque? Aos dezoito anos, de certeza que te apercebeste disto tudo, tal como eu. A diferença é que tu aceitaste essa ideia, acostumaste-te e puseste o trabalho à frente da tua vida. Eu tento ser diferente, venho para aqui lamentar-me da vida da merda que todos temos. Pode ser que algum dia alguém me oiça.


terça-feira, 12 de agosto de 2014


"Oh, we said our dreams will carry us
And if they don’t fly we will run
Now we push right past to find out
Oh, how to win what they all lost

Oh ah, oh ah
We know now we want more
Oh ah, oh ah
A life worth fighting for"